
Livraria Bertrand, Lisboa, 1979. In-8º de 195-83) págs. Brochado. Capa de Manuel Dias. Ligeiros sinais de manuseamento e amarelecimento do papel, próprio da sua qualidade sob acção do tempo. Rúbrica de posse na página de rosto.
PRIMEIRA EDIÇÃO.
" ... SÓ ACONTECE AOS OUTROS relata alguns casos de violência que observei no decurso do meu trabalho de jornalista. (...) Relendo esses textos, notei que entre eles havia um elo comum. As figuras centrais destas histórias são mulheres, jovens e crianças. Hoje, penso que não se trata de mera coincidência. Na nossa sociedade, as mulheres, os jovens e as crianças são seres menores e menorizados. Só por isso, eles são as vítimas privilegiadas da violência. (...) Faltou à «revolução» o rasgo de inventar o futuro. A voz do cidadão comum permanece silenciada. «A dor da gente não chega aos jornais», diz o poeta na canção. Falar de violência não é especular. Os exemplos de violência são mais comuns do que se imagina e ocorrem à nossa porta. Fechamos os olhos e não gostamos de falar deles. A sociedade esconde-os pudicamente. E quando, por qualquer circunstância, um ou outro exemplo é trazido à luz, é rapidamente esquecido. No fundo, por vergonha ou por medo, temos tendência a pensar que são coisas que só acontecem aos outros. Não é verdade ...".