Pontevedra, 1916. In-8º de XXXIV-(1)-49-(1) págs. Brochado com lombada fragilizada. Mancha de humidade marginal na capa de brochura anterior. Ocasionais manchinhas de foxing ao longo do texto.
Tiragem limitada a 350 exemplares.
O estudo preliminar ocupa as primeiras 34 páginas. Ostenta uma dedicatória autógrafa do organizador e responsável pela publicação a Srª Dª Urbana Soares de Albergaria.
Relação da vida de D. Mariana Bernarda de Távora, última condessa de Atouguia, filha mais velha dos marqueses de Távora, de setembro a janeiro de 1759 - do atentado ao rei D. José até à sua entrada no Convento do Grilo, onde ficarºa até 1777. De maior interesse pela descrição da vida social da alta nobreza, a relação do padre jesuíta Malagrida com os Távoras. Constitui uma das obras que vem pôr em causa o que a historiografia portuguesa, baseada em relatos de viajantes estrangeiros, tem escrito sobre a mulher aristocrata do século XVIII.
Em finais do século XVIII e meados do século XIX, a Condessa de Atouguia de seu nome Maria Bernarda de Távora e Ataíde (1722 - depois de 1780), seguindo a tendência da escrita memorial religiosa, escreveu sua experiência de vida, medos e felicidades a pedido de seu confessor, como modo de contrição por seus pecados. Nesta obra de autoria feminina, podemos perceber acontecimentos da história de Portugal e, além disso, e mais relevante, as opiniões desta autora sobre questões relativas a feminilidade, tais como maternidade e casamento.
A Condessa de Atouguia, Dona Mariana Bernarda Raimunda de Távora e Ataíde (1722 - c.1802) teve seu nome marcado na história de Portugal, por ter sido membro da família de Távora e, assim, sentenciada junto a seus familiares devido a um atentado contra o Rei D. José. Dona Mariana, filha dos 3ºs marqueses de Távora ainda criança foi prometida ao primo, D. Jeronimo de Ataíde (1721-1759), com quem se casou em 20 de dezembro de 1747, quando tinha já 25 anos. Com seu marido teve 6 filhos, D. Luis Francisco de Ataíde, D. Francisco, D. Leonor, D. Rosa, D. Clara e D. António.
" ... Em 3 de setembro de1758 o rei D. José I (1714-1777) sofreu um atentado na sua carruagem, quando retornava da casa de sua amante, no qual o rei foi ferido, mas sobreviveu. Os três homens responsáveis pelo ataque confessaram o terem feito a pedido da família de Távora, que pretendia colocar o Duque de Aveiro, D. José de Mascarenhas e Lencastre (1708- 1759) no poder; visto que D. José I não teve herdeiros homens. A família dos duques de Aveiro, os marqueses de Távora e Alorna, e os condes de Atouguia, bem como o confessor de D. Teresa de Távora, o padre Gabriel Malagrida(1689-1761), foram responsabilizados pela emboscada, embora a culpabilidade destes ainda seja discutida pela historiografia portuguesa. Devido a isto, toda a família de D. Mariana foi encarcerada ou morta. (...) Poucas foram as figuras masculinas desta grande família fidalga que sobreviveram a repreensão ao atentado real. As mulheres, no entanto, sobreviveram em maioria. O acontecimento marcou a vida de pessoas como a marquesa de Alorna, sendo frequentemente encontrado em suas poesias, seja em referência as tiranias reais, seja através da descrição da saudade do pai e do irmão, que haviam sido encarcerados em local diferente ao que a marquesa, sua mãe e sua irmã, assim como acontecera com os Atouguia. ..." (Elen Biguelini, Coimbra, 2019)