Guimarães Editores, Lisboa, 1954. In. 8.º de 267(3) págs. Br. Capa de brochura com ligeiros picos de acidez. Rubrica de posse no ante-rosto. Primeira edição.
Tomaz de Figueiredo foi aceite há muito pela crítica mais competente como um dos melhores novelistas e contistas do mundo rural no nosso século XX. Um certo romanesco, eivado de sarcasmo, de herança camiliana, corre pelas intrigas e até estilisticamente marca a obra ficcional de Tomaz de Figueiredo.
A vernaculidade da sua prosa e a linguagem castiça de fidalgos, burgueses e gentes do campo fazem-nos também lembrar por vezes Aquilino Ribeiro. Mas são bem diversas as mundivivências de um e de outro.
À energia de Aquilino, ao seu olhar malicioso e sensual, à fusão de muitas das suas personagens na fecunda mãe natureza opõe-se a verrina de Tomaz de Figueiredo, o seu tom quase sempre cáustico.
Apesar da argúcia e da força do autor de A toca do lobo, caçador emérito, gracejador, mas senhor de uma linguagem colorida, mordaz e fluente, as suas novelas e contos já não comunicam facilmente com a juventude de hoje. A verdade é que o seu mundo rural arcaico já não existe e o texto de Tomaz de Figueiredo não lança pontes para o futuro, como o de Aquilino ou do próprio Camilo. Foram estes textos objecto de culto de muitos leitores, entre os quais me conto,. É certo que o conservadorismo céptico de Tomaz de Figueiredo impediu alguns de devidamente avaliarem a sua arte de narrador.